Selo Unale
Kelps Lima homenageia mulheres da campanha “Quebrando o Silêncio”

08/08/2019

Com a intenção de ajudar na conscientização das pessoas sobre a importância do tema, o deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade) propôs sessão solene em homenagem às mulheres que participaram ativamente da campanha “Quebrado o Silêncio”, ação que buscou incentivar mulheres em situação de violência doméstica e familiar a procurar ajuda. A entrega das homenagens aconteceu nesta quinta-feira (08), no plenário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Na ocasião, estiveram presentes a presidente da Frente Parlamentar da Mulher, a deputada estadual Cristiane Dantas (Solidariedade); a representante do Tribunal de Contas, conselheira substituta Ana Paula de Oliveira Gomes; o vereador de Natal, Fulvio Saulo; a secretária estadual do Solidariedade Mulher, Luciana Bezerra e, representando o governo do Estado, a Secretária de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Arméli Brennand.

A deputada Cristiane Dantas falou em nome da Assembleia Legislativa e da Frente Parlamentar da Mulher. “A Frente foi criada nesta Casa para que possamos fazer o trabalho de empoderamento e incentivo à denúncia por parte dessas mulheres. Temos que meter a colher, sim. Estamos juntas. Qual a distância entre a ofensa e a facada? Parece grande, mas não é. Sabe quem pode realizar nossos sonhos? Nós mesmas. Vocês quebraram o silêncio. Parabéns a todas as homenageadas pela força, determinação para lutar pela liberdade, dignidade, por direitos, porque lugar de mulher é onde ela quiser”, discursou. Já o deputado Kelps Lima lembrou que a gente não precisa ir ao cinema para encontrar os heróis que são nossas referências. “Temos heroínas no Rio Grande do Norte, em Natal. Parabéns a essas mulheres”.  

De acordo com a secretária do Solidariedade Mulher, Luciana Bezerra, no Brasil, a cada duas horas uma mulher é assassinada vítima de violência doméstica ou familiar; a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência verbal; 70% dos estupros são cometidos por conhecidos da vítima. “A Lei Maira da Penha completou 13 anos e é considerada uma das três melhores legislações do mundo. A Lei prevê cinco tipos de violência, a física, a psicológica, a sexual, a patrimonial, a moral. Então o que podemos fazer para que essa lei tenha efetividade? Para isso precisamos nos unir e focar no que realmente importa. Antes da Lei Maria da Penha, esse problema era considerado privado, diziam que em briga de marido e mulher, não se mete a colher. Em 2006, esse panorama começou a mudar”, explicou.  

Ana Paula da Silva foi uma das homenageadas que contou um pouco da história dela na ocasião. Ela começou a sofrer violência desde bebê, “por aquele que tinha o dever e obrigação de cuidar dela”, comentou. Por causa disso, foi moradora de rua dos 9 até os 15 anos de idade. “Sem entender e sem ter muita base, casei sem amar, porque queria ter um lar e uma família e acabei sofrendo mais violência dentro de casa. Mas na rua, aprendi a sobreviver e percebei um dia que tinha escapado de muita coisa e que não precisava me submeter a nada daquilo. E então eu disse não. Tive coragem de sair e hoje vivo no assentamento Passagem de Juazeiro, contando a minha história e dizendo às mulheres que podemos muito mais se estivermos juntas. Vamos quebrar esse silêncio para que mais vidas sejam salvas”, disse.

Andrea Souza, também homenageada, falou da gratidão por ter sido lembrada, pela forma que foi acolhida e por estar viva. “Sou da quarta geração de mulheres da minha família que sofreu violência. Mas não sou vítima, sou sobrevivente. Faço parte do projeto Vozes, que ouvimos o relato de mulheres que sofreram violência, por isso esse nome “quebrando o silêncio” faz sentido. Não estamos fazendo papel de vítima, queremos igualdade, respeito e dignidade. É isso que o feminismo prega. O contrário do machismo é o femismo”, disse.

A fotógrafa Kalina Veloso também falou da história dela na sessão solene. “Aos 16 anos de idade sofri violência doméstica. Muitas adolescentes vivem isso por conta de um relacionamento abusivo. Quando chega a uma violência física é o resultado de todos os indícios que vem acontecendo. Aos 16 anos, a gente não sabe muito o que tem que fazer. Passaram alguns anos e aquilo que eu achava que era ciúme, que era carinho, não era. Ao despertar depois de anos, quando vim ser fotógrafa, eu disse que eu não posso ficar calada. Fui começando a fazer essas fotografias e lembrei o que eu sofri e isso começou a me doer como outras pessoas. Você pode ser apenas uma mulher e sentir a dor da outra. Hoje é o dia de vencer o desrespeito e a injustiça. Uma mulher é forte junto com a outra. Isso é sororidade”.  

 

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