Selo Unale
Audiência pública destaca a importância do programa “A vida fala mais alto”

09/09/2019

O município de São José do Seridó, distante 244 quilômetros de Natal, sediou uma audiência pública que tratou da prevenção do suicídio. Proposta pelo deputado estadual Vivaldo Costa (PSD) o encontro reuniu centenas de populares que acompanharam o debate com o tema “A vida fala mais alto: os desafios de como enfrentar o suicídio”.

Ao abrir os trabalhos Vivaldo Costa falou da importância da informação na prevenção de doenças, principalmente quando essas são psicológicas e mentais. “Nos meus mais de 50 anos de medicina, cheguei à conclusão que não existe nada mais importante que prevenir. No caso do suicídio, a informação é a principal arma para que o pior não aconteça. É preciso ensinar as pessoas a ter saúde e valorizar a vida”, iniciou Vivaldo.

Ainda em seu discurso, Vivaldo destacou o trabalho que vem sendo realizado no município de São José do Seridó, através do programa de saúde “A vida fala mais alto”, idealizado pela secretaria municipal há quase uma década e que conseguiu zerar os índices de suicídio no município, antes, um dos mais altos do Estado.

“Esse projeto é vitorioso. Ele aproveita os profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) que desenvolvem um trabalho fantástico de saúde multiprofissional no tratamento das doenças mentais e psicológicas e, principalmente, no combate ao suicídio. Portanto, este programa precisa ser copiado em todos os municípios do Rio Grande do Norte e até do Brasil”, disse o deputado.

O programa “A vida fala mais alto”, foi criado em São José do Seridó em 2010 e consiste no acompanhamento de todos os moradores da cidade, que são orientados, medicados e tratados pelos profissionais de saúde do Programa Saúde da Família. Antes da implantação do programa, dezoito casos de suicídios foram registrados em apenas um ano. Depois do “A vida fala mais alto”, não se registra nenhum caso de suicídio há mais de seis anos em São José do Seridó.

“Um ano antes da criação do programa, registramos dezoito casos. Em São José do Seridó, o índice de suicídio sempre foi acima da média. E nos últimos anos a administração municipal não mediu esforços e priorizou o fortalecimento desse programa que tem conseguido zerar esses casos e ainda cuidar da saúde mental dos nossos munícipes”, explicou a prefeita Maria Dalva de Medeiros.

A secretária de saúde do município, explicou que foi preciso a junção de todas as forças para que o programa conseguisse o êxito necessário e passasse a salvar vidas. Segundo ela, todas as entidades como igrejas, sindicatos, fábricas, escolas, postos de saúde, secretarias, conselho municipal de saúde, médicos, professores, psicólogos, psiquiatras, e todos os profissionais da saúde, foram convocados e treinados para identificar quando alguém precisava de ajuda. “Aqui trabalhamos saúde mental diariamente. Somos uma rede atenta a qualquer sinal. Por exemplo, os gerentes das fábricas estão capacitados e acionam a rede, caso identifique que um de seus colaboradores estão precisando de ajuda. E isso acontece nas escolas, nas igrejas, nos postos de saúde. Com isso, conseguimos zerar os casos de suicídio em São José do Seridó, que há mais de seis anos não registra nenhum caso”, frisou a secretária Débora Costa.

O médico psiquiatra Salomão Gurgel destacou o trabalho social realizado no município e a influência de alguns fatores na busca da saúde dos cidadãos com doenças psicológicas em São José do Seridó.

“Saúde mental não se faz apenas em consultório ou com medicação. Ações concretas como as que são feitas aqui em São José do Seridó são fundamentais. Além disso, os fatores sociais como segurança, qualidade de vida e empregabilidade, também colaboram diretamente com a boa saúde mental do povo de uma cidade e todos esses fatores influenciaram na diminuição desses índices aqui no município”.

Um dos momentos mais emocionantes da audiência pública foi o depoimento do estudante de psicologia, Emanuel Santana. Ao relatar que o pai e o irmão morreram vítimas de suicídio, o jovem chamou a atenção dos presentes para a importância do ouvir e ressaltou a importância da família no combate ao suicídio.

“Perdi meu pai e meu irmão para o suicídio e já tentei me suicidar por duas vezes. Hoje estudo psicologia e vivo para ajudar pessoas a entender que problemas existem para serem solucionados”, contou o jovem. Emanuel disse ainda que o mais importante no processo de recuperação de uma pessoa com doenças mentais e psicológicas é o apoio da família. “O apoio das políticas públicas é muito importante, mas não existe nada mais importante que o apoio em casa. Os familiares precisam entender que eles podem ser a cura. A pessoa que está prestes a cometer suicídio precisa entender que, em casa, ela tem um apoio, uma palavra, um “eu estou aqui”, um “eu te entendo”, “isso vai passar”, “vamos vencer juntos”. Se hoje estou vivo é porque tinha alguém ali, do meu lado, pronto para me ajudar”, finalizou o estudante de psicologia.

Para a psicóloga e idealizadora do “A vida fala mais alto”, outro ponto fundamental para o sucesso do programa foi sempre o olhar atento de todos os envolvidos. “Desde o início desse projeto que os nossos olhares estão atentos a todos os sinais. Cada um dos profissionais envolvidos se doa de corpo e alma, com um único objetivo: salvar vidas. Esse programa é vitorioso desde o início, quando foi pensado com muito amor e com muita dedicação de nossa parte”, comentou Edna Fidelis, psicóloga e idealizadora do programa.

Vivaldo já realizou outras audiências com foco na Prevenção ao Suicídio, ouvindo especialistas, representantes do governo e pacientes em recuperação no tratamento da depressão. Natal e Caicó já receberam a caravana, agora será a vez de São José do Seridó.

“Estamos empenhados nesta luta. Nosso Seridó tem um alto número de casos de suicídio. Isso nos assusta e precisamos ajudar. O assunto é um grave problema de saúde pública; no entanto, os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com intervenções de baixo custo. É por isso que estamos propondo este debate amplo para só assim levar um real diagnóstico ao Governo do Estado”, contou Vivaldo.

A cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2016.

Participaram da audiência pública o deputado estadual Vivaldo Costa, a prefeita de São José do Seridó – Maria Dalva de Medeiros, Secretária municipal de saúde – Débora Costa, o presidente da Câmara Municipal – José Carlos Dantas da Costa, Presidente do Conselho Municipal de Saúde – Juliana Andrea Dantas, presidente do Conselho Municipal de Saúde – Ilca Bezerra Dantas, a psicóloga da Unidade Mista de São José do Seridó e idealizadora do Programa “A vida fala mais alto” – Edna Fidelis, Salomão Gurgel – médico psiquiatra, o ex-prefeito – João Bosco Costa, o ex-prefeito – João Lázaro, o estudante de psicologia – Emanuel Santana e a população em geral.

 

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