26/08/2010
“As feridas ainda estão abertas”. “Nunca esta dor vai passar”. Estas  frases foram repetidas diversas vezes por homens que sofreram tortura,  perseguição, e privação de liberdade durante a ditadura militar no  Brasil. E a Assembleia Legislativa foi o palco de uma reunião histórica  de alguns destes homens na manhã de hoje, por motivo da 42ª Caravana da  Anistia. O evento promovido pela Comissão de Anistia do Ministério da  Justiça contou com a presença de diversas entidades que lutam pelos  direitos humanos no país.
A família de Luiz Ignácio Maranhão  Filho recebeu um reconhecimento especial. O advogado, jornalista e  ex-deputado estadual teve o mandato cassado pela ditadura. Hoje ele  recebeu uma homenagem post mortem e uma placa na Assembleia Legislativa  lembra que Luiz Maranhão foi escolhido para integrar o Memorial “Pessoas  Imprescindíveis”. A placa foi descerrada pelo ministro da Secretaria  dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi e pelo  amigo e presidente da Associação dos Anistiados Políticos do Rio Grande  do Norte, Meri Medeiros.
Na abertura oficial do evento, o momento  mais emocionante foi a execução do Hino Nacional. Um curta metragem  mostrou depoimentos de personagens vítimas da ditadura. O ministro Paulo  Vannuchi defendeu que o tema seja discutido nas escolas. “A Alemanhã  não tem vergonha da besta nazista. Eles discutem no banco da praça. E  nós não podemos ter vergonha para que a besta não volte”.
A  Caravana da Anistia já percorreu outros 18 estados, quando julgou mais  de 800 casos. Aqui a comissão vai apreciar durante todo o dia outros 32  casos. Entre eles do suplente do Senado, Garibaldi Alves, do ex-prefeito  de Parnamirim, Agnelo Alves, e do próprio Luiz Ignácio Maranhão Filho. A  Pauta da 18ª Sessão de Julgamento da Caravana traz histórias pouco  conhecidas como a perseguição da ditadura militar ao médico Iaperí  Soares de Araújo. “Marca muito. É como uma música que fica na sua  cabeça, e até você cantar ela não sai. Eu escrevi uma carta de 40  páginas contando tudo. Mas acredite, é muito doloroso. Ainda não sarou. É  muito triste sofrer injustiça, e é importante corrigir estes erros”,  desabafou Dr. Iaperí. A sessão de julgamento será realizada no período  da tarde.