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Interligação entre violência e saúde mental é tema de debate na Assembleia

14/05/2018

Em audiência pública proposta pela deputada Cristiane Dantas (PPL), o tema “Violência gerando transtorno mental” foi debatido na tarde desta segunda-feira (14), na Assembleia Legislativa. A discussão aconteceu, principalmente, em torno das graves consequências que a violência tem gerado à saúde mental e à qualidade de vida da população em geral, vítima da insegurança, como também aos agentes de Segurança Pública, constantemente expostos ao perigo no exercício da profissão.

“A relação entre violência e doença mental é direta e constitui um sério problema de Saúde Pública. Conviver numa condição de iminentes ameaças pode provocar transtornos mentais, como ansiedade, síndrome do pânico, depressão e intenção suicida”, esclareceu Cristiane Dantas.

Para a parlamentar, a questão norteadora do debate seria “o que é possível fazer para prevenir e buscar soluções eficazes no sentido de minimizar os danos da violência, estresse e ansiedade à saúde mental das pessoas”.

A representante da Associação de Psiquiatria do RN, Dra. Patrícia Cavalcanti, relatou que as consequências do crescente clima de insegurança no Estado são constantemente percebidas nos consultórios e ambulatórios.

“A população está sendo cada vez mais acometida por transtornos relacionados à sensação de vulnerabilidade causada pela violência. Essas doenças mentais, a exemplo da depressão e do transtorno de estresse pós-traumático, já atingem 10% dos potiguares. Isso acaba gerando faltas ao trabalho, afastamentos, maior uso de álcool e drogas e aumento da própria violência, devido à irritabilidade constante”, revelou a psiquiatra.

A médica abordou ainda algumas maneiras de se prevenir tais males. “Primeiro vem a prevenção à violência. É preciso melhorar a Segurança Pública, e uma das formas de se fazer isso é dando melhores condições de trabalho aos policiais. Depois vem o acolhimento às vítimas e a tentativa de evitar que elas passem por novos eventos traumáticos. Em terceiro lugar, vem o tratamento adequado e com profissional capacitado”, informou.

Segundo o Diretor Técnico do Hospital Psiquiátrico São Camilo, localizado em Mossoró, Daniel Lima Sampaio, cada vez mais pessoas vem tentando suicídio no RN. “A ponte Newton Navarro aparece direto nos noticiários, não pela sua beleza arquitetônica, mas pelos crescentes casos de tentativa de suicídio”, exemplificou o diretor.

Já Paoulla Maués, delegada e presidente da ADEPOL (Associação dos Delegados de Polícia Civil), informou que os agravos de saúde mental têm sido determinantes para os afastamentos de agentes de segurança pública no RN. “No ano passado, a polícia civil teve 375 licenças relacionadas a saúde mental, um impacto de 30% do efetivo”, esclareceu.

“O papel da ADEPOL nesta audiência é também o de voltar a atenção da população aos profissionais da Segurança e dizer que precisamos de cuidado mental e físico, porque somos nós que cuidamos de vocês o tempo todo”, argumentou a delegada.

A educadora física e idealizadora do projeto social “Mais Vida”, Leila Maia, contribuiu como defensora da atividade física para melhorar a qualidade de vida não só dos policiais, mas de toda a população.

“Se as pessoas não encontrarem uma maneira de externar o estresse através do exercício físico, será no álcool, na comida, em seus familiares. A atividade física é importante não só para a saúde corporal, mas principalmente mental e espiritual”, argumentou Leila.

A respeito do seu projeto social, Leila disse que o programa “Mais Vida” teve, em sua primeira temporada, 150 participantes. “Durante 30 dias, nós realizamos atividades físicas diversificadas, trilhas ecológicas e ações de melhoria de saúde física e mental. Havia pessoas prestes a cometer suicídio, mas que hoje estão mais equilibradas e, inclusive, ajudam outras através de projetos voluntários”.

Por fim, o psiquiatra Emerson Nunes, Diretor Médico do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), relatou a importância de a população ir atrás e usufruir dos serviços médicos que tem à disposição, na área da saúde mental, seja nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), seja nos Postos de Saúde.

“Além de abrir portas para novos convênios e atendimentos, precisamos garantir o acesso da população aos serviços que já existem. É preciso que se busque mais ajuda. Temos que aumentar a interlocução, para que a violência não maltrate mais ainda nossa população”, concluiu Dr. Emerson. 

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