Selo Unale
Infraestrutura e segurança podem ser maiores problemas da Copa, segundo especialistas

01/06/2012

 

Especialistas falam de experiência na África do Sul e dos desafios após o Mundial de Futebol

            Infraestrutura, segurança e os planos operacionais foram os pontos críticos da Copa de 2010, na África do Sul. O tema foi discutido durante uma mesa redonda na 16ª Conferência Anual da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), evento que acontece no Centro de Convenções. Na ocasião, o consultor da Copa do Mundo de 2010, Henry Grimbeek e o diretor de infraestrutura da cidade Pretória, Pieter Cloete destacaram as dificuldades nas diferentes fases do projeto na África, as soluções encontradas e os desafios atuais.

            Segundo Pieter, as questões relacionadas à infraestrutura das cidades os prazos para o término dos estádios são os assuntos de maior pressão para os organizadores do Mundial. Para Henry, dentro de dois anos é possível concluir todas as obras, no entanto, se for feito um esforço excepcional. “Nos dois anos que antecederam as Copas na Coreia, na Alemanha, na África do Sul existia a dúvida sobre a conclusão dos estádios. É um padrão que parece se repetir. Creio que com um esforço é possível concluir tudo em dois anos”, afirmou.

            O consultor da Copa ainda falou que as cidades-sede precisam estabelecer os objetivos do evento. “Em Joanesburgo, a meta era desenvolver os portos da cidade e receber os investimentos financeiros para as obras de infraestrutura. Tivemos bons resultados com relação ao transporte e a infraestrutura. É preciso planejar o legado”, disse. Por outro lado, a cidade enfrentou dificuldades com relação ao número de turistas estrangeiros. “O que a FIFA projetou foi maior que o previsto”, declarou. Outro problema na Copa da África, segundo Henry foram os chamados “elefantes brancos”. “Construímos grandes estádios para impressionar, mas não temos times para jogar neles agora. São subutilizados”, afirmou. 

            O diretor de infraestrutura da cidade Pretória, Pieter Cloete apresentou uma solução para este tipo de problemas. Segundo ele, os órgãos responsáveis pela administração dos estádios devem negociar, desde agora, com os times locais e de fora para realizar jogos após a Copa. “É preciso saber se existem times que possam ser base de suporte. Essa negociação deve ser feita agora”, afirmou Pieter. Para Henry, outra saída é a utilização dos estádios para outros tipos de eventos, não apenas os esportivos.

            Mesmo diante de tantas dificuldades, os especialistas afiram que os resultados positivos superam os negativos. “No nosso país sempre houve um ‘afropessimismo’. Qualquer que fossem os desafios, foi muito importante realizar a Copa. Foi um evento seguro, teve uma boa administração e fez com que mudassem a ideia sobre a África. Todos os problemas foram menores quando comparados aos resultados da Copa do Mundo”, declarou Pieter Cloete.

LEI DA COPA

“A FIFA espera que esta seja a Copa do Mundo com maior lucratividade”. A informação é do relator da Lei Geral da Copa de 2014, o deputado federal Vicente Cândido da Silva (SP). Segundo o parlamentar, a expectativa é que sejam movimentados cerca de US$ 3,5 milhões no Brasil, durante o evento. Em sua participação na mesa redonda da Conferência, o deputado falou sobre a construção da lei, as modificações que ela sofreu ao longo de sua confecção e os conflitos jurídicos enfrentados, tendo em vista que em alguns estados e capitais existem leis locais.

Entre os pontos apresentados pelo relator sobre a Lei da Copa, está a proteção das marcas da FIFA. Segundo Vicente Cândido, uma das preocupações da Federação são as fronteiras abertas do Brasil. “Não é difícil imaginar que pode entrar no país um caminhão com mil camisas de uma marca concorrente da FIFA. Segundo a Lei, as marcas ficam protegidas dentro de um raio de até dois quilômetros com relação ao estádio. Essa distância quem vai definir são as capitais. A partir dessa delimitação, essas marcas podem ser comercializadas”, explicou o deputado.

A Lei da Copa ainda estabelece que idosos e estudantes tenham meia entrada nos estádios. No entanto, apenas o público da terceira idade terá o benefício em todas as categorias de ingresso. Os estudantes, apenas na categoria “4”, que terá ingressos de US$ 50. Os portadores de necessidades especiais e índios terão acesso livre em todas as partidas. Para os trabalhadores dos estádios, esse benefício é para apenas um dos jogos.

A Lei Geral da Copa possui 71 artigos, foi aprovada no Congresso à unanimidade e aguarda sansão da presidente Dilma Rousseff. 

TURISMO

Para Vicente Cândido, um dos grandes desafios do Brasil com a Copa de 2014 e com o Turismo. “Se não mudarem radicalmente o olhar sobre esta modalidade econômica, receberemos uma declaração de incompetência. Não é concebível que num país como o Brasil, que possui tantas belezas naturais, uma das melhores músicas, gastronomia, tradição em vários esportes e um povo acolhedor, receber apenas 5 milhões de turistas estrangeiros. Esse número está congelado desde 2002. No ano passado, tivemos um défict na balança comercial de US$ 14 milhões. É inconcebível”, declarou o deputado.

Acesso Rápido