Selo Unale
180 anos: Golpe militar muda a forma de fazer política no Estado

14/08/2015

Os anos 1960 abalaram  a vida parlamentar do Rio Grande do Norte com fortes emoções. O Estado viu surgir um novo líder político no seio da UDN que representava uma ameaça para Dinarte Mariz. Aluízio Alves apareceu na política potiguar como líder político absoluto, renegando o papel de coadjuvante da UDN, que mais tarde terminaria em rompimento entre as duas lideranças, mudando os rumos da política potiguar.

A história mostra que Aluizio Alves sairia vencedor deste embate político para ser eleito governador do Estado com ampla aceitação popular e parlamentar. Mas em março de 1964 eclodiu o Golpe Militar. Cassado em 1969, Aluízio Alves começou a articular uma ação para o fortalecimento do MDB potiguar, com a intenção de enfrentar a ARENA, partido governista apoiado pelos militares. Para se ter uma ideia de seu protagonismo político, Dinarte Mariz e Tarcísio Maia foram batidos pelos candidatos aluizistas, Walfredo Gurgel e Clóvis Mota.

Logo após este período foram nomeados três governadores indiretos: Cortez Pereira, Tarcísio Maia e Lavoisier Maia. No parlamento potiguar surgiam novas lideranças. Agenor Maria chegou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte pela UDN com o apoio do líder político seridoense Dinarte Mariz. Um agricultor de cultura simples, vinha de uma experiência como vereador em sua cidade, São Vicente. Foi eleito suplente de deputado federal pelo MDB em 1966 exercendo o mandato via convocação. O grande salto de sua carreira se deu em 1974, quando a oposição venceu dezesseis das vinte e duas cadeiras para o Senado e Agenor Maria foi escolhido para representar o Rio Grande do Norte. Ele ainda foi eleito deputado federal pelo PMDB em 1982. Faleceu em 14 de junho de 1997.

Antônio Capistrano, em um artigo veiculado no site Substantivo Plural, conta um pouco de como eram as coisas naquele período nebuloso: “Aluízio Alves era considerado um candidato imbatível. Agripino, na entrevista ao “Mossoroense”, não disse que essa eleição foi viciada por uma legislação eleitoral casuística e ditatorial, dificultando o voto livre e democrático, fato que favoreceu ao neófito político, José Agripino.

O Regime Militar criou o voto vinculado, só era permitido votar, de vereador a senador, em candidato do mesmo partido. Foi criada a figura do senador biônico. Tudo com um objetivo de prejudicar o MDB, principalmente no Nordeste onde o partido, no interior, tinha uma pequena estrutura partidária e uma ampla chance de eleger alguns governadores, a maioria dos senadores e deputados federais. Cito o exemplo de Aluízio Alves, no Rio Grande do Norte e o de Marcos Freire, em Pernambuco.

Os dois estavam disparados na preferência popular, eram candidatos do MDB, mas foram derrotados pela legislação eleitoral. Na eleição de 1982, o filho de Tarcisio Maia, José Agripino Maia foi o candidato de Figueiredo ao governo do estado, Carlos Alberto de Souza foi escolhido para concorrer uma vaga no senado e o velho Dinarte Mariz, já no fim da sua liderança política, foi contemplando com o lugar de senador biônico.

Acesso Rápido