Selo Unale
Assembleia discute luta antimanicomial em audiência p�blica

13/05/2010

"Por uma Sociedade sem Manicâmios", esse é o lema do movimento antimanicomial, que tem o objetivo de conscientizar a população para que as pessoas com sofrimento mental sejam cada vez mais acolhidas, cuidadas e tratadas, e receberem apoio especial e não sejam excluídas da sociedade. Para debater esse assunto, a Assembleia Legislativa realizou na manhã desta quinta-feira (13) uma audiência pública, proposta pelo deputado Fernando Mineiro, que contou com a participação de representantes de instituições vinculadas ao assunto, como a Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). Mineiro explicou a importância de discutir o tema: "Esse é um assunto que não tem visibilidade. Através dessa audiência, podemos conhecer melhor a luta antimanicomial", declarou o deputado, que afirmou acompanhar a temática em conjunto com as instituições. A lei 10.216, aprovada em 2001, busca consolidar um modelo de atenção  saúde mental que garanta a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade. De acordo com a lei, os hospitais psiquiátricos, mais conhecidos como manicômios, precisam ser gradativamente substituídos por pequenos hospitais e enfermarias especializadas no tratamento de psiquiatria. O professor do curso de Psicologia da UNP Alex de Alvarenga falou sobre os hospitais psiquiátricos: "O manicômio é um lugar que acrescenta muito mais problemas do que cuida dos doentes mentais, que precisam da proximidade com os seus parentes. Os hospitais psiquiátricos mais parecem prisões, e precisam ser derrubados", criticou. A presidente da Abrasme, Maria do Carmo Martins também defende a extinção dos manicômios e luta por um maior investimento nos centros de atenção psico-social. Opinião parecida tem o usuário de serviços psiquiátricos Maximiliano Souza, presidente da Associação Plural. "O tratamento dado aos usuários nos manicômios não ajuda em nada. Eles não nos respeitam, não nos ouvem. Tudo o que um usuário quer é sair do manicômio, que é mais uma prisão do que um hospital", protestou Maximiliano, que denunciou o fato de haver abuso de autoridade e violência contra os pacientes nos hospitais psiquiátricos. Maximiliano afirmou que as pessoas que têm problemas psiquiátricos precisam ter oportunidade como qualquer outra pessoa. Precisam de carinho e apoio. Ele falou da importância da ajuda não só psiquiátrica, mas humana: "Aquele Max que ouvia vozes, que morria de medo, que via bichos se foi. Graças é ajuda de pessoas maravilhosas. Eu tive oportunidades. Tive ajuda. E é exatamente disso o que os usuários de serviços psiquiátricos precisam. Precisam ser incluídos na sociedade, e não ficarem presos em manicômios". O último palestrante da audiência, o professor de psicologia da Universidade Federal Fluminense Luís Antônio Batista, é um pesquisador da reforma psiquiátrica italiana, que teve como líder o psiquiatra Franco Basaglia, que costumava comparar os manicômios com campos de concentração nazistas. Em 1978, foi aprovada na Itália a Lei Basaglia, que estabeleceu a abolição dos hospitais psiquiátricos em todo o país. Luis Antônio Batista defende que o Brasil use alguns aspectos da reforma italiana para reformar o próprio sistema de saúde mental.

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