Selo Unale
Audiência pública em Vera Cruz cobra mais valorização da mandioca

26/11/2019

O município de Vera Cruz, localizado na região metropolitana e distante 52 km de Natal, recebeu na manhã desta terça-feira (26) a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, que promoveu uma Audiência Pública, com o objetivo principal de promover um amplo debate em torno dos desafios da Cadeia Produtiva da farinha de mandioca e seu fortalecimento na agricultura familiar da Região Agreste do Estado.

De acordo com o deputado estadual Kleber Rodrigues, propositor da audiência, a intenção é chamar a atenção das instituições e autoridades vinculadas à agricultura e a economia do Estado, para a importância da valorização da farinha de mandioca no contexto da economia agrícola da Região. “É preciso que as autoridades competentes passem a valorizar ainda mais esse produto tão nosso”, disse o parlamentar ao iniciar os trabalhos e continuou “A mandioca tem uma importância cultural e econômica na agricultura familiar e a produção da farinha é responsável pelo sustento de inúmeras famílias, gerando uma quantidade significante de empregos, seja de forma direta ou indireta, mas de nada vale a nossa vocação se não houver planejamento e gestão e é isso que estamos buscando juntos a todos os órgãos responsáveis”, ressaltou Kleber.

O prefeito de Vera Cruz, Marcos Cabral, destacou a importância da discussão em torno do fortalecimento da cultura da mandioca para o município. “Esse tema é muito importante, especialmente, para o nosso município, visto que grande parte da nossa economia gira em torno da mandiocultura. Produzimos mais de 70 mil toneladas de mandioca por ano. O fortalecimento dessa cultura, significa o crescimento da nossa economia”, disse.

As dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais de Vera Cruz e região foram destacadas pelo presidente da Câmara Municipal, Micarlo Tomaz. “Hoje é um dia muito importante porque estamos vendo que o tema começa a ser discutido com seriedade e na presença de várias instituições importantes. É preciso incentivos, capacitação e possibilidades para que esse produto passe a ter o valor que merece”, destacou o vereador que também é agricultor.

A representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Monte Alegre, Ivonete Ferreira se emocionou ao falar da importância da audiência pública para os pequenos produtores de mandioca da região. “Esse evento vem abrir uma discussão muito importante para a economia de várias cidades do Estado, que podem ser revitalizadas com o fortalecimento da mandiocultura. O agricultor familiar precisa de um atendimento diferenciado por já está cansado de tanto sofrimento”, disse.

Durante a audiência, o diretor geral da Emater, Cesar Oliveira, enriqueceu a discussão com números sobre a mandiocultura. De acordo com ele, dez mil estabelecimentos em 20 municípios, 70% desse total na região Agreste, produzem mandioca no RN. “Essa produção é muito baixa diante da possibilidade que o Estado apresenta. Mas a implantação de técnicas e tecnologias, que já estão ao alcance dos agricultores, pode transformar essa cadeia e aumentar, consideravelmente, a produção, gerando emprego, renda e fortalecendo ainda mais essa cultura”, acrescentou.

Representando as associações e cooperativas, o presidente da CoopAlegre, Marcelo Freire, cobrou mais valorização da mandioca e pediu aos órgãos fiscalizadores que criem uma política para que os pequenos produtores possam se regularizar. “É preciso fazer essa regularização de forma gradativa. Outra coisa, eu só vejo o povo brigando e dizendo que o petróleo é nosso. Nossa é a mandioca que a gente planta, arranca, beneficia e come. É preciso valorizar esse produto tão importante para a economia do RN”, destacou.

A perspectiva de crescimento da cadeia produtiva da mandioca e a possibilidade de crescimento desta foi destaque na fala de Téo Tomaz, coordenador de Desenvolvimento Industrial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec). “Me coloco a disposição para irmos juntos em busca de novas possibilidades, indústrias e fábricas que se utilizem dessa matéria prima e com isso, possamos transformar a economia dessa região”, frisou.

 

A falta de políticas públicas direcionadas para o agricultor, em especial, aos cultivadores da mandiocultura foi ressaltada por Ivan Júnior, presidente do Prodter. “O pequeno agricultor precisa da qualificação, do apoio técnico, do financiamento. Com isso poderemos mudar a história da mandiocultura no Estado”, destacou.

Alexandre Lima, secretário da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF), destacou a importância dos órgãos envolvidos nesse processo de fortalecimento da cultura da mandioca. “O primeiro passo para dar certo é envolver quem entende do assunto. O segundo passo é a união de todos os órgãos com atuação nessa área e por fim, é preciso planejamento em busca de soluções que realmente mudem o atual quadro”, ponderou.

O empresário Tico Campos cobrou das autoridades presentes ações concretas para o fortalecimento do setor. “Sempre fomos acostumados a ouvir muita conversa, mas ações concretas são poucas. É preciso colocar esses discursos em prática e só assim veremos a mudança e o fortalecimento desse setor”, cobrou.

Contribuindo com as discussões, o membro da Coordenação da Câmara Setorial da Monocultura, Procópio Lucena, destacou a importância da participação das autoridades competentes na luta pelo fortalecimento dessa cultura. “A participação dos vereadores, prefeitos, deputados, senadores e de todas as autoridades constituídas nessa luta. Porque tudo passa pela implantação de políticas públicas que fortaleçam as organizações de base para que a agricultura dê certo”, enfatizou Procópio Lucena, membro da Coordenação da Câmara Setorial da Monocultura.

As necessidades de regulamentação e certificação foram abordadas pelo auditor fiscal da Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tibério Rodrigues. “O que queremos é que tudo seja regulamentado e que essa cadeia cresça a cada dia, inclusive nos comprometemos a voltar para esclarecer, ajudar e promover o engrandecimento desse setor”, se comprometeu.

O coordenador técnico de Planejamento do Instituto de Gestão das Águas do RN, André Nunes, fez uso da palavra para ressaltar a importância da gestão dos recursos hídricos do RN. “Não é só um documento, um papel. Tudo isso é parte de estudos que podem ajudar ou comprometer a questão hídrica de uma região ou de uma cidade”, explicou.

Shirley Pinheiro, representante do Comitê Gestor de Agricultura, apresentou aos presentes um projeto que padroniza a produção e comercialização da mandioca e cobrou a criação da Lei da mandiocultura. “Nós do Comitê gestor apresentamos um projeto completo que regulariza toda a produção e comercialização e queremos que uma lei seja criada para que possamos ser protegidos contra essa concorrência desleal que o mercado impõe”, cobrou emocionada.

Boris Minora, superintendente Regional da CONAB, convocou os produtores da cidade e da região para o cultivo orgânico do produto, o que, segundo ele, possibilitaria a comercialização do produto na Conab. “É preciso fazer uma capacitação, seguir algumas regras e todos os produtores estarão aptos a vender seu produto para a Conab de todo o Brasil”, enfatizou.

O agente de desenvolvimento do Banco do Nordeste, Edi Carlos, destacou a necessidade de união de todos os envolvidos e de atitude. “Se não houver o esforço de todos os envolvidos, sairemos daqui, apenas com mais discursos. De prontidão, o Banco do Nordeste se coloca à disposição para ajudar das mais diferentes formas”, disse.

Gustavo, representante do Sebrae enfatizou o trabalho desenvolvido junto aos produtores do Rio Grande do Norte e mais uma vez colocou o trabalho do órgão no fortalecimento da economia do Estado. “O Sebrae está à disposição e lá não fazemos diferenciação de um pequeno ou de um grande produtor. Por isso, mais uma vez, nos colocamos a disposição para o que essa cadeia produtiva venha precisar”, colaborou.

Somente em Vera Cruz existem hoje 40 casas de farinhas, sendo 2 legalizadas e 11 em processo final e as outras em condição inicial desse processo que passa por vários órgãos. A mandiocultura está presente na maioria das plantações da região e do Estado. No RN 85% do território potiguar está propício para a cultura da mandioca.

Finalizando a audiência pública que foi iniciada pela manhã e se prolongou pela tarde, o deputado Kleber Rodrigues considerou o momento importante e significativo para a mandiocultura. “A partir desse trabalho seremos mola propulsora para levar a mandiocultura aos quatro cantos desse estado, buscando a valorização de cada uma dessas culturas. Mas de uma coisa eu tenho certeza: só conseguiremos se estivermos de mãos dadas e juntos em busca do fortalecimento da monocultura e da agricultura familiar, beneficiando o pequeno agricultor”, finalizou Kleber Rodrigues.

Participaram do encontro o deputado estadual Kleber Rodrigues, Marcos Cabral – prefeito de Vera Cruz; Alexandre Lima – Secretário Estadual de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF); Micarlo Tomaz – presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Vera Cruz; Cesar Oliveira – diretor geral da Emater; Téo Tomaz – Coordenador de Desenvolvimento Industrial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec); Tibério Rodrigues – Auditor Fiscal da Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA); Boris Minora – Superintendente Regional da CONAB; Procópio Lucena – Membro da Coordenação da Câmara Setorial da Monocultura; André Nunes – Coordenador Técnico de Planejamento do Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn); Edi Carlos – Agente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste, além de autoridades, políticos, representantes de associações de produtores de farinha, sindicatos, cooperativas, assentados e produtores rurais do município e da região.

 

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