08/05/2020
Hospital considerado referência para o tratamento da Covid-19 no Rio Grande do Norte, o Giselda Trigueiro está com todos os seus leitos destinados aos pacientes infectados pelo coronavírus ocupados. A informação foi divulgada pelos médicos fisioterapeutas Rômulo Jorge Galvão e Saint-Clair Bernardes, que atuam exatamente nas Unidades de Terapia Intensiva da unidade hospitalar, durante reunião da Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. O colegiado voltou a se reunir por meio de webconferência na tarde desta sexta-feira (08).
O Giselda possui 126 leitos, sendo 25 destinados exclusivamente para pacientes com Covid-19, todos com respirador. Segundo Rômulo, as vagas estão todas ocupadas, porém apenas 5 pacientes estão entubados – são os chamados casos mais graves da doença. Os demais estão recebendo suplementação de oxigênio. Porém, a expectativa é que os casos mais leves aos poucos deem espaço para que o local se dedique apenas aos pacientes em situação mais agravada.
De acordo com Rômulo, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) está transferindo os pacientes que não possuem a Covid-19 do Giselda para o Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), forma encontrada de abrir mais leitos para o tratamento destes casos. Porém, parte dos recursos humanos também terão que ser deslocados, o que poderá causar um desfalque de profissionais no hospital referência.
Saint-Clair destacou que uma das grandes conquistas obtidas pelo Giselda em meio a atual pandemia foi a implementação do atendimento de fisioterapia durante 24 horas na unidade. O médico esclareceu que são estes os profissionais habilitados a lidar com a questão dos respiradores e ao tratamento das sequelas que estes aparelhos podem causar nos pacientes. “Esse trabalho 24 horas é muito importante porque é uma doença que tem alta gravidade, e nos momentos agudos aqueles que tiverem o manejo inadequado no respirador, podem ficar com sequelas físicas. O fisioterapeuta também é responsável por reabilitar esses pacientes”, disse.
O deputado Sandro Pimentel (Psol) questionou aos especialistas se a situação atual enfrentada pelos profissionais tem causado medo, diante do risco de contrair o coronavírus. “Hoje é uma situação preocupante. Estamos na frente de batalha dessa pandemia. São reportagens, são colegas adoecendo, óbitos de pacientes e isso nos causa medo. Mas a nossa força, nosso intuito de salvar os pacientes, é maior. Supera tudo. Se não estivermos aqui, quem irá cuidar da população? Nossa força supera nosso medo. Nosso objetivo é salvar vidas”, respondeu Rômulo.
“O medo é frequente. São procedimentos do dia a dia, onde o profissional está de frente com o paciente. A taxa de profissionais de saúde infectados é muito grande. A doença tem um poder de transmissão antes de apresentar sintomas. Muitos profissionais estão se infectando e transmitindo para colegas e pacientes. Então é uma situação preocupante”, disse Saint-Clair.
O deputado Tomba Farias (PSDB) voltou a cobrar do Governo do Estado mais resolutividade nas questões envolvendo os profissionais de saúde. “A prioridade número um precisa ser os profissionais, porque sem vocês não vamos a lugar nenhum. É preciso proteger a vida desses profissionais. E estamos dependendo do Governo providenciar equipamentos de proteção, dar garantias para o trabalho”, disse.
Presidente da Comissão, o deputado Kelps Lima (SDD) destacou sugestão que encaminhou ao Governo do Estado para que fosse criado um seguro de vida temporário para os profissionais que estão trabalhando na linha de frente no combate ao coronavírus. O parlamentar enfatizou que, além dos médicos, também é preciso destacar enfermeiros, seguranças e trabalhadores terceirizados dos hospitais. “Estão todos sob risco de vida. Imagine com o desarranjo econômico que se avizinha, o que pode acontecer com suas famílias. Então, nossa sugestão seria criar um seguro de vida temporário”, completou.