31/03/2023
Servidores de vários setores da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), marcaram presença na palestra “Campanha Março Roxo: Epilepsia, para ajudar é preciso conhecer!”.
O evento foi uma iniciativa da Escola da Assembleia Legislativa do RN (EALRN), em parceria com a equipe de Divisão de Programas Complementares de Saúde e Bem-Estar, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia: 26 de março. O “Dia Roxo” ou Purple Day, é um esforço internacional dedicado a aumentar a consciência sobre a epilepsia em todo o mundo.
A abertura foi feita pelos diretores da EALRN, João Maria de Lima e de Políticas Complementares, Ricardo Fonseca, que agradeceram todos os presentes.
Em seguida, para falar sobre o tema, com propriedade, contamos com os competentes profissionais da Casa Almira Gabriela de Araújo (médica), Augusto Potiguar (cirurgião-dentista), Camila Alves (enfermeira) e Helga Torquato (psicóloga), que trataram do tema com excelência.
Os especialistas qualificados compartilharam seus conhecimentos sobre a doença, desmitificando alguns fatos que cercam a epilepsia e apresentando informações importantes para quem convive com a condição ou conhece alguém que tenha.
A médica, Dra. Almira Dantas, explicou que a epilepsia é uma condição neurológica que afeta o cérebro e causa crises epilépticas. Ela destacou a importância de procurar um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento adequado, além de conscientizar a população sobre a doença para acabar com o preconceito que muitas vezes está por perto.
Já a enfermeira, Camila Alves, falou sobre o papel da enfermagem no cuidado com pacientes, destacando a seriedade de orientá-los sobre o uso correto dos medicamentos e o controle das crises.
Camila considera que estudar a epidemiologia da epilepsia permite entender melhor os fatores associados à distribuição da doença e da sua mortalidade entre as populações do Brasil e do mundo, o que denota sua importância no campo da saúde pública. “Além disso, foi observada a importância de saber como agir em situações práticas, quando nos deparamos com uma pessoa em crise convulsiva. Esse conhecimento pode evitar lesões da pessoa acometida pela doença, assim como salvar vidas”, explica a enfermeira que continua, “o que tange aos mitos e verdades, é necessário elucidar que não se trata de um transtorno mental, mas de uma doença neurológica. Além disso, é fundamental o entendimento de que não é transmissível, tem tratamento, e o acometido pode ter uma vida normal, se tratado adequadamente. A desmistificação desses pontos é fundamental para a sociedade em geral”, finaliza.
Na apresentação do cirurgião-dentista, Augusto Potiguar, foi exposta como as principais alterações bucais - que podem ocorrer em pacientes com epilepsia - e a seriedade com a higiene bucal pode evitar cáries, inflamações na gengiva e até problemas mais sérios.
Para a neuropsicóloga, Helga Torquato, explicou que o distúrbio cerebral neurobiológico tem consequências, cognitivas, psicológicas e sociais trazendo prejuízo ao desenvolvimento de quem é acometido. “Não existe uma faixa etária para o acometimento. Desde o nascimento até o envelhecimento neuronal podem aparecer crises epiléticas com perda ou não de consciência”, explica Helga.
Estudos comprovam que somente uma avaliação neurológica é capaz de identificar e diagnosticar danos cognitivos, prejuízos na atenção, memória, velocidade de processamento, funções executivas (raciocínio, controle inibitório, iniciativa, inibição de atitudes, flexibilidade mental) e linguagem. “Com o resultado passamos a trabalhar a reabilitação do paciente onde se inicia o planejamento para estimular quando possível as áreas comprometidas intelectualmente”, afirma.
A neuropsicologia também é responsável pelas avaliações pré e pós cirúrgicas, para pacientes trazendo relações entre as funções psíquicas e comportamentais, estudando as lesões cerebrais e suas localizações, investigando a frequência de crises.
No pós-cirúrgico o paciente avaliado novamente para ver o que alterou com o procedimento no que se refere a memória e linguagem. Os lobos frontais estão ligados a consciência, pensamento abstrato e comportamento e modulação de humor. “Por isso a necessidade de acompanhamento da Neuropsicóloga para que na reabilitação possamos dentro das sequelas minimizar através de estímulos um melhor desenvolvimento e bem-estar do paciente”, finaliza.
Ao final, houve uma roda de conversa para esclarecimento de dúvidas e troca de experiências sobre a epilepsia.
Dados:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença acomete em torno de 50 milhões de pessoas no mundo todo e 2% da população no Brasil. Estimativas de especialistas indicam que até 70% das pessoas com epilepsia no mundo não recebem diagnóstico e tratamento adequado.
A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro, que são recorrentes e geram as crises epilépticas. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia, ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas. Portanto, a pessoa poderá ter uma crise epiléptica [convulsiva ou não] e não ter o diagnóstico de epilepsia
O tratamento é indicado a partir da segunda crise. O objetivo ao utilizar medicação é bloquear as crises, visto que a doença não tem cura, eliminando a atividade anormal do cérebro, a fim de assegurar boa qualidade de vida para o paciente.
A iniciativa internacional começou no Canadá, em 2008, baseada no relato da menina Cassidy Megan, que compartilhou seu sentimento de solidão por ter epilepsia. A cor roxa foi escolhida em alusão à lavanda, flor ligada ao sentimento de isolamento descrito por Cassidy.