Selo Unale
UNALE debate desafios do setor energético do NE

06/03/2009

'O setor energético do Nordeste é um tema importante, palpitante, e vital'. A frase do vice-presidente da UNALE, deputado Clóvis Ferraz (BA), anuncia a dimensão do debate proposto pelos deputados estaduais para o Encontro na região Nordeste. O engenheiro elétrico José Antônio Feijó foi o convidado para a palestra de abertura do debate. Ele fez um levantamento completo de toda a história da geração e distribuição de energia no Brasil. O levantamento histórico ajudou a desvendar alguns mitos sobre as potencialidades do país. O engenheiro alertou que 'no Brasil, o modelo de serviço público prevaleceu por quase cem anos, desde o início do século'. Um dos marcos da legislação energética do país acontece apenas no ano de 1954, quando Getúlio Vargas envia ao Congresso o Plano Nacional de Eletrificações e o projeto de criação da Eletrobrás. A aposta do Brasil na construção de Paulo Afonso gerou muita crítica dos economistas, alguns afirmaram que o Nordeste não precisaria da energia da primeira usina pelo menos até o ano 2000. 'A história viria a consagrar Getúlio. Nesta fase do setor ficou clara a opção pela hidroeletricidade', afirmou Feijó. O professor Feijó defendeu que o país deve manter a aposta nos recursos naturais que possui. 'É uma energia limpa, renovável e barata, alem de um enorme potencial natural'. O professor afirma que durante a gestão pública o Brasil, antes do processo de privatização realizado na década de 90, o país conseguiu atingir tarifas módicas, uma das mais baixas do mundo. 'Após o processo de privatização, o país sofreu o choque tarifário. Então nossas tarifas passaram no intervalo de dez anos, das mais baratas do mundo para a mais cara. Em dezembro de 2007 as nossas tarifas médias ao consumidor final eram 59,4% maiores do que nos Estados Unidos', afirmou Feijó. O encontro também foi marcado pela forte posição dos parlamentares a favor da energia das hidrelétricas. O professor Feijó afirmou que o país goza de bons números se levar em consideração a relação geração de energia e danos ao meio ambiente. 'A nossa matriz energética é apenas 18% de energia não renovável e suja, e 82% de energia limpa e renovável. Queremos dizer que, em comparação com o resto do mundo, o setor energético brasileiro não tem maiores responsabilidades pelo agravamento do problema climático que se observa no planeta'. A palestra também teve um espaço destinado ao debate sobre as preocupações de cada Estado. Professor Wanderlêi, deputado sergipano, falou sobre a possível instalação de usinas nucleares em quatro estados do Nordeste. 'Apenas quatro estados se habilitaram para receber estas usinas: Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe. Não podemos ficar alheios a esse debate'. A preocupação com a qualidade do serviço prestado também este presente no debate. O parlamentar Antônio Uchoa (PI) criticou a situação por que passa a CEPISA. 'Quem vai querer botar uma indústria em um Estado que a energia não está garantida, não é de boa qualidade'. O engenheiro José Antônio Feijó deixou uma pergunta para reflexão dos deputados: 'Mais cedo ou mais tarde a sociedade brasileira terá de enfrentar o dilema. O setor de energia elétrica, por suas características e importância, deve ser instituído como um serviço público, ou deve ser considerado como um espaço de mercado?'.

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