O deputado federal (CE) Ciro Gomes, defensor ardoroso da Transposição do Rio São Francisco, protagonizou um debate produtivo e acalorado sobre o tema no primeiro painel de discussões do Encontro Regional da União Nacional dos Legislativos Estaduais, realizado na Assembléia Legislativa. O parlamentar cearense explicou o projeto e debateu o tema com o deputado estadual de Sergipe, Augusto Bezerra, que é contra a transposição. O presidente da Unale, César Halum, mediou o debate e disse que com a discussão sadia do tema o encontro poderia obter ótimos resultados. 'Este evento oportuniza a parceria de todos os estados do Nordeste. A Unale vai promover o debate entre os dois lados para as soluções serem discutidas', explicou. Para Ciro Gomes, este é o projeto mais discutido da história da administração pública brasileira, tendo sido debatido em todas as instâncias públicas, superando a realização de mais de 70 audiências públicas. 'O primeiro projeto de transposição do rio São Francisco foi feito por Dom Pedro II, que já sabia, desde aquela época, que a região do sertão nordestino não possuía água suficiente', afirmou. O deputado disse que a obra é 'ridiculamente simples' e que até hoje ela não foi realizada por causa dos opositores à idéia. Ilustrando sua preocupação com o tema, citou que no seu governo, tamanho era o problema da seca no Ceará e no Nordeste como um todo, que chegou uma época, que mesmo com o racionamento, a água de Fortaleza acabou. 'É cientificamente provado que o Nordeste tem muito menos água do que o mínimo necessário para o consumo humano. E esta água está sobrando na bacia do rio São Francisco. Então eu peço a compreensão de todos os meus irmãos nordestinos para que esta obra seja logo realizada', disse Ciro Gomes, mostrando documentos oficiais aprovados pelo Ibama e por outros órgãos. O deputado estadual Augusto Bezerra (SE), opositor do projeto, afirmou que o Rio São Francisco está debilitado, que não se pode pensar em Transposição se o próprio rio não tem condições de se sustentar. Para ele, o governo federal não pode executar a transposição do rio, sem antes fazer a revitalização do mesmo. 'Você não pode pedir para uma pessoa com anemia doar sangue, pois ela está debilitada. O mesmo serve para o rio, que está em situação precária. Além disso, esta água irá para o agro-negócio, e não para a boca do povo do sertão', defendeu sua posição o deputado. Ciro Gomes rebateu o parlamentar sergipano: 'O rio está ‘ferrado’ por causa exatamente dos estados opositores, que poluem e desmatam as margens do São Francisco. O problema é este, e não a vazão de água, que é a mesma desde que Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil.' Apesar de fazer crítica aos opositores da transposição, o deputado do Ceará disse que a qualidade das críticas que o projeto recebeu foi muito importante. 'Este projeto, graças à qualidade das críticas que recebeu, e à boa intenção do governo federal, vai beneficiar 12 milhões de pessoas, sem prejudicar nenhum cidadão sequer', enfatizou.