A crise na área saúde voltou a ser tema de discussão na Assembleia Legislativa. Na tarde desta quinta-feira (3), deputados, médicos, representantes dos profissionais da saúde, Governo do Estado e Ministério Público discutiram a situação dos atendimentos de alta complexidade na cardiologia, no Rio Grande do Norte. A proposição foi deputado Hermano Morais (PMDB).
Relatando o momento da cardiologia no mundo, onde o aumento na expectativa de vida da população tem demandado mais serviços na área, os médicos lamentaram a falta de alternativas para os atendimentos das pessoas do Rio Grande do Norte que precisam de cirurgias. A falta de meios para viabilizar um número suficiente de cirurgias cardíacas é motivo de preocupação para os profissionais da área.
"Infelizmente, hoje temos mais de 140 pessoas na fila para a realização de cirurgia cardíaca e, na atual situação, a média é de 16 procedimentospor mês. Com isso, infelizmente, muitas pessoas estão morrendo enquanto aguardam pelo procedimento", explicou o médico Ernani Gadelha Júnior.
Entre um dos pontos principais da discussão está a utilização do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) para os procedimentos cardíacos via SUS. No entanto, apesar da excelente estrutura da unidade, a falta de profissionais vem fazendo com que a demanda não seja atendida no ritmo ideal. A falta de atratividade para atuação através de vínculo efetivo no hospital foi um dos pontos destacados.
"A remuneração oferecida aos profissionais concursados não condiz com o que recebe um profissional na iniciativa privada. Há casos em que o profissional, realizando dois procedimentos em um dia, ganha o que receberia em um mês de serviço público, no referente ao seu salário", disse o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Marcelo Cascudo, citando o fato que o concurso realizado para vagas de cirurgiões cardíacos no HUOL não preencheu todos os postos de trabalho, deixando duas vagas abertas.
Uma solução discutida durante a audiência pública foi a discussão sobre ampliação de contratos com cooperativas médicas para o atendimento na unidade hospitalar. Os médicos informaram que estão abertos a negociar e o Ministério Público, através do promotor Carlos Henrique, disse que vai buscar a mediação de uma reunião com Prefeitura do Natal e Governo do Estado para discutir a possibilidade de que uma solução seja encontrada.
Para o secretário de Saúde do estado, Ricardo Lagreca, é preciso que seja discutida uma forma de equacionar definitivamente o problema da cardiologia no Rio Grande do Norte. "Sabemos que é um problema que se arrasta a décadas, mas não podemos nos contentar somente com paliativos. Precisamos pensar e realizar uma mudança definitiva para que não precisemos sempre passar pelas mesmas situações de falta de atendimento", disse Ricardo Lagreca.
Propositor da audiência, o deputado Hermano MOrais parabenizou a todos pela franqueza com que discutiram a questão e pediu que o tema fosse discutido com atenção por todos os envolvidos, mas sem que o Poder Público firmasse compromissos que não tivesse condições de cumprir.
"Todos nós sabemos que há o interesse de todos para a solução dos problemas, por isso é importante que sejam levadas em consideração as possibilidades de Estado e Município, que também passam por dificuldades financeiras. O que não pode é a população permanecer sem o atendimento. Vamos buscar uma alternativa", disse o deputado Hermano Morais.